domingo, 21 de janeiro de 2024


 










Quarto turno

Eu soube há pouco tempo a respeito de um campeonato de ioiô.

Era uma tarde quase no final, mas o café esfriava, enquanto eu era apenas uma senhora de pernas pro ar escolhendo um filme para assistir.

De repente uma num voz de um jovem com mais de 1,90 cm:

“Mãe, você sabe onde vende ioiô”? Eu preciso muito.

_ Espera aí. Na lojinha da esquina tem. Chegando à lojinha, que vende tudo, o diálogo:

Moça tem ioiô?

Tem. É bom, né? Criança gosta. (risos). Se ela soubesse a idade de quem queria...

Na volta pra casa, já fui avisando.

Eu achei. Vai comprar.

Ele chegou e, parecia uma criança com o brinquedo enrolado nos dedos fazendo mil malabarismos. Observei a cena.

_ Mãe, eu participava de campeonatos de ioiô quando eu era criança. Venci muitos. Não lembra? A gente morava no bairro Junqueira, eu brincava na rua, um cara organizava os campeonatos, a molecada se divertia muito.

_ Não me lembro.

Ah, mãe, é porque, na época, você trabalhava quatro turnos.

Ele continuou brincando. Eu olhei para o tempo. Arrebatada com a descoberta do quarto turno. Sim, eu trabalhava o primeiro turno, o segundo turno, o terceiro turno. O quarto, bem, esse era o turno quando eu chegava à minha casa, organizava as tarefas domésticas, verificava tarefas escolares.

Cenários desse trabalho invisível, não remunerado, que a gente faz.

Por isso, atualmente, eu tenho a preguiça como uma grande companheira.

Daqui a 5 dias meus 63 anos vão chegar. Vou abrir a porta com um bolo da padaria.


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