Os sóis dos domingos dessa estação me levam a vaguear. Visto minha calça legging, uma blusa confortável, nos pés, tênis e meias para o meu passeio pelas ruas próximas.
Resolvo caminhar pela praça. Subo a rampa,
desço pela escada, na verdade, uma atividade física gostosa. Olho a decoração
grafitada, admiro a arte exposta. Quem passa, limpa a câmera do celular e
registra a arte de rua. É o bairro Natal. Bairro de periferia.
E assim, sigo
meu caminho com o sol tímido, meus passos fortes e a suavidade da vida que eu
invento. Talvez recriar seja o verbo mais certeiro na minha caminhada. Passo
perto de uma turma de garotos jogando bola. Observo. Tinha um garoto sem camisa
e com uma calça de malha surrada. Alto, magro. Bonito, a pele brilhava diante
do sol. Tinha um baixinho com camiseta e bermuda.
E mais uns três, mas o diálogo, a conversa entre eles
prendeu minha atenção.
“E o Vinicius, hein”?
“Pois é”.
_ Ou, o Vinícius era louco. Pô, que saudades daquele tempo!
_ Bons tempos! Né? Bons tempos. Tempos que não voltam mais.
Fiquei intrigada. Os meninos, pela aparência, tinham de 13 a
16 anos.
E já tinham saudades do passado?
O que será que
aconteceu com Vinicius? Mudou de cidade? Morreu? Foi preso?
Sim, foi tão
importante que está preso nas memórias da turma. E marcou um golaço no meu
domingo de outono.
É hora do café
forte, sem açúcar. Mas com afeto.
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