domingo, 24 de maio de 2020

Entrevista

Uma entrevista feita para o jornal da Tv afiliada da Rede Globo.  A pauta é sobre meu primeiro livro. Em setembro de 2015.
Assista no link:

Haicai


No começo da quarentena >> Sandra Modesto

DIA DE CRÔNICA
No começo da quarentena 
_ Mãe cadê minhas cuecas?
_ Não sei. Minhas calcinhas eu lavo durante o banho e penduro no varal. Depois guardo nas minhas gavetas.
Lavar cuecas eu lavo. Na máquina. Guardar é com vocês. (O filho e o pai).
_ Mãe vem assistir o poço. Senta aqui. 
15 minutos depois:
_O que você conseguiu entender sobre o filme com relação ao contexto atual? “Quem mandou educar filho questionador"
“Pô, Gabriel”... Pensei numa resposta imediata, mas nada.
_ Mãe! (E me deu uma aula sobre o filme)...

Amor, você tá vendo um filme e nem me chamou.
O amor calado. Atento.
Que filme é esse?
Não sei. “Ele nunca sabe o nome do filme”. 
_ Só tem dublado? Vê se tem legendado ou sem legendas mesmo.
O amor não ouviu. 
Fui pra cozinha assistir documentários no youtube enquanto tomava café e devorava o bolo de cenoura e o  de fubá. Enquanto imaginava umas histórias penduradas.
Sandra Modesto

*Esta crônica foi escrita em março*. 
Resolvi debater com vocês, rsrs, mentira. É apenas um relato leve.
Porque aos domingos, meus petiscos são assim. Com pitadas de humor e gosto de quero mais.
Boa leitura.
Beijos! Bom domingo pra vocês!

terça-feira, 19 de maio de 2020

RODA - GIGANTE E JOAQUIM >> Sandra Modesto



RODA-GIGANTE E JOAQUIM                   

Disseram ao Joaquim que o amor viria acompanhado de muito dinheiro...

Que o sol era grande e a vida pequena

A inocência

Durava pouco e a crueldade quem dera!

Que o abandono era certo.

E o sorriso efêmero...

Ao Joaquim disseram ainda – que não acreditasse em sonhos pra não se "ferrar"

 

Disseram também

 Neste dia – que as promessas nem sempre venceriam a verdade.

Que o doce do coco podia azedar. E que o chocolate sem calorias era então mentira.

Que o sorveteiro (enfim) podia parar de gritar.

E o telefone poderia "navegar" (...).

Disseram – que o choro existiria mais que as estrelas.

 

Que a dança seria separada dos rostos colados

O rebolado dos corpos travaria luta com os tropeços das gentes.

Disseram que o respeito humano,

O beijo escondido,

O abraço apertado;

Tudo, tudo enfim seria transformado...

 

(A experiência, a realidade, a verdade e a esperteza, os textos escritos).

 

 

O tempo passou, a roda girou. Os dias desiguais.

A voz, o som memorizando sonhos.

As suas surpresas tinham lá suas razões. Ele ficou só por que

Todos que habitaram sua consciência;

O deixaram pra que ele vivesse o quanto pudesse.

Ele meio tonto agora, ocupando um estranho espaço. Quanto espanto!

 

Mas o ritmo da roda...

Foi misturando tango, piano, guitarra, tamborins.

“A vida é bizarra a vida tem fim”

Ele pensou. Só tinha certeza:

 

O que disseram a ele ficou carregado em solilóquio.

 Eu acreditei... Lembranças não fariam parte de mim.

Restou- lhe então, pensar no agora...

Tirou o pijama, abriu o chuveiro.

 

Fez a barba aproveitando a água quente, Olhou-se no espelho, escovou os dentes... Agendou dentista, reparou os fios grisalhos... Releu trechos de Drummond. Enquanto tomava café sem açúcar, conferiu tarefas do dia pelo celular... Respondeu e-mails disfarçando a solidão

Saudades dos filhos.

Do amor do passado. Antes de sair para o trabalho imaginou umas palavras.

 

 

Imagens que nunca saíram de cena.

Abriu o Word e fez um poema...

Começou assim:

Joaquim...

 

* O texto autoral foi escrito em 2013. É uma adaptação de uma das crônicas publicada no primeiro livro da autora- em 2015.

Imagem: Pinterest.com


No solo do Brasil

No solo do Brasil


O povo sai.

Sai correndo para receber um dinheiro de emergência. O povo se aglomera a espera.

“Tem que rever isso aí" - diz Jair.  .

Desemprego, filas.

Espetáculo diário. 

Um menino pede colo. 

Uma mulher respira pouco.

 O estudo é virtual. Não tem espaço na casa.

Pequena, distante, uma menina não alcança o livro, não alcança Wi-Fi. Chora de fome.

Preto pobre favelado no quarto apertado não há possibilidades de yoga.  Muitas angústias. 

Meninas amontoadas sonham  com chocolates. Sem chances.

Alguém avisa que o resfriado é sério.

De repente o número de casos aumenta.

Cidades reabrem “serviços essenciais”

“É. Mais vale uns bons CNPJ do que esses CPF”.

Enquanto isso...

“Tá lá um corpo estendido no chão”!

Em vez de reza, uma praga de alguém.

“E o silencio servindo de amém”

Eu observo a tragédia. Não é um pesadelo qualquer. Tá pesado. Tá puxado.

No puxadinho das quebradas, viaduto, luto...

O país anda triste todos os dias.

E chora nossa pátria mãe gentil

Choram Marias e Clarisses... No solo do Brasil.

Mas o povo tem que continuar.

Não sei até quando.

* Esta crônica foi uma releitura da obra de Aldir Blanc. Compositor e cronista brasileiro. Morreu dia 4 de maio. Vítima da Covid 19.

*Ilustração: banco de imagens públicas.

Atenção: 1- título do texto: Trecho da música " O bêbado e a equilibrista" de Aldir Blanc e João Bosco.

2- Referências inseridas ao longo do texto: " "Tá la o corpo estendido no chão"- Da música- De frente pro crime- de Aldir Blanc e João Bosco.

3- Chora a nossa pátria mãe gentil, choram Marias e Clarices no solo do Brasil- Música: O bêbado e a equilibrista.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

NEM RAINHA NEM SANTA>> Sandra Modesto

Mãe não é só mãe...

Antes da barriga

Antes do coração

Antes do leite escorrendo no peito

Da mamadeira esterilizada

Noites mal dormidas

Receitas de sopinhas

As mães são mulheres.

Com o papel da maternidade o desejo sexual é meio esquecido. Quiçá, muito esquecido.

MINHA MÃE FAZIA SEXO

Então...

Quando descobri que minha mãe transava

Eu era crescidinha. Beirando 16 anos.

Isso já tem muito tempo. Mas a descoberta foi antológica.

Por algumas noites eu percebi a porta do quarto dos meus pais fechada.

Foi aí que atinei...

“Minha mãe dá para o meu pai”! Ela não é santa? Rainha do lar? Protetora das crias? Controladora das menstruações das filhas?

Acho que este texto vai dar o que falar.

Pois é...

Acesse o link e leia na íntegra. Minha  crônica de hj. No Jornal de Caruaru.

https://jornaldecaruaru.com.br/2020/05/cronica-do-dia-nem-rainha-nem-santa-por-sandra-modesto/




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