Sai correndo para receber um dinheiro
de emergência. O povo se aglomera a espera.
“Tem que rever isso aí" - diz
Jair. .
Desemprego, filas.
Espetáculo diário.
Um menino pede colo.
Uma mulher respira pouco.
O estudo é virtual. Não tem
espaço na casa.
Pequena, distante, uma menina não
alcança o livro, não alcança Wi-Fi. Chora de fome.
Preto pobre favelado no quarto apertado
não há possibilidades de yoga. Muitas angústias.
Meninas amontoadas sonham com chocolates.
Sem chances.
Alguém avisa que o resfriado é sério.
De repente o número de casos aumenta.
Cidades reabrem “serviços essenciais”
“É. Mais vale uns bons CNPJ do que
esses CPF”.
Enquanto isso...
“Tá lá um corpo estendido no chão”!
Em vez de reza, uma praga de alguém.
“E o silencio servindo de amém”
Eu observo a tragédia. Não é um
pesadelo qualquer. Tá pesado. Tá puxado.
No puxadinho das quebradas, viaduto,
luto...
O país anda triste todos os dias.
E chora nossa pátria mãe gentil
Choram Marias e Clarisses... No solo do
Brasil.
Mas o povo tem que continuar.
Não sei até quando.
* Esta crônica foi uma releitura da
obra de Aldir Blanc. Compositor e cronista brasileiro. Morreu dia 4 de maio.
Vítima da Covid 19.
*Ilustração: banco de imagens públicas.
Atenção: 1- título do texto: Trecho da música " O bêbado e a equilibrista" de Aldir Blanc e João Bosco.
2- Referências inseridas ao longo do texto: " "Tá la o corpo estendido no chão"- Da música- De frente pro crime- de Aldir Blanc e João Bosco.
3- Chora a nossa pátria mãe gentil, choram Marias e Clarices no solo do Brasil- Música: O bêbado e a equilibrista.
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