terça-feira, 19 de maio de 2020

No solo do Brasil

No solo do Brasil


O povo sai.

Sai correndo para receber um dinheiro de emergência. O povo se aglomera a espera.

“Tem que rever isso aí" - diz Jair.  .

Desemprego, filas.

Espetáculo diário. 

Um menino pede colo. 

Uma mulher respira pouco.

 O estudo é virtual. Não tem espaço na casa.

Pequena, distante, uma menina não alcança o livro, não alcança Wi-Fi. Chora de fome.

Preto pobre favelado no quarto apertado não há possibilidades de yoga.  Muitas angústias. 

Meninas amontoadas sonham  com chocolates. Sem chances.

Alguém avisa que o resfriado é sério.

De repente o número de casos aumenta.

Cidades reabrem “serviços essenciais”

“É. Mais vale uns bons CNPJ do que esses CPF”.

Enquanto isso...

“Tá lá um corpo estendido no chão”!

Em vez de reza, uma praga de alguém.

“E o silencio servindo de amém”

Eu observo a tragédia. Não é um pesadelo qualquer. Tá pesado. Tá puxado.

No puxadinho das quebradas, viaduto, luto...

O país anda triste todos os dias.

E chora nossa pátria mãe gentil

Choram Marias e Clarisses... No solo do Brasil.

Mas o povo tem que continuar.

Não sei até quando.

* Esta crônica foi uma releitura da obra de Aldir Blanc. Compositor e cronista brasileiro. Morreu dia 4 de maio. Vítima da Covid 19.

*Ilustração: banco de imagens públicas.

Atenção: 1- título do texto: Trecho da música " O bêbado e a equilibrista" de Aldir Blanc e João Bosco.

2- Referências inseridas ao longo do texto: " "Tá la o corpo estendido no chão"- Da música- De frente pro crime- de Aldir Blanc e João Bosco.

3- Chora a nossa pátria mãe gentil, choram Marias e Clarices no solo do Brasil- Música: O bêbado e a equilibrista.

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