Blog pessoal. Conteúdo literário com textos da autora e escritores de sua preferência. Dicas de livros, músicas, vídeos, projetos culturais. Resumindo: "Aqui tudo é arte"
terça-feira, 30 de junho de 2020
domingo, 28 de junho de 2020
quarta-feira, 24 de junho de 2020
Se eu não morrer amanhã >> Sandra Modesto
Se
eu não morrer amanha
Será irrelevante. A casa estará meio bagunçada.
Difusa entre o comer
todos os pães de queijo e o andar lento feito vento da estação.
Se eu não morrer amanhã,
talvez o sol esteja aberto. O inverno meio indeciso. Na minha cidade com
temperaturas sempre altas, às vezes o frio aparece.
Danço, leio, e sou meio
eloquente. Quase sempre eu fico meio confusa e penso alto: “Eu não tolero gente
feita para não sonhar”.
E o povo na internet
com a frase de ordem na quarentena: “Você precisa se reinventar”
PÔ vem cá? Se eu não
morrer amanhã, eu vou continuar a conviver com isso?
Inventar já é difícil
caro amigo.
Há três meses eu me
viro no meu isolamento. Tenho ilusões, escrevo imaginando boas notícias que
nunca chegam ao noticiário. Desisto.
Se eu não morrer
amanhã...
Desculpem- me. Não vou
fazer mesa de madeira para espantar minha tristeza. Não vou aprender a bordar
pelo aplicativo.
Eu tenho meus inventos.
O tempo todo inventando. Criando histórias, arrematando ficção e realidade
nesse inventar das palavras.
Se eu não morrer
amanha, eu não serei um número novo na estatística das mortes lentas e
apressadas dessa gripezinha transfigurada em pandemia.
Leia – se gripezinha
para quem não cuida do povo, COVID - 19 para os que enterram os seus mortos, chorando
a pancada das perdas de tantos amores.
Por enquanto...
domingo, 21 de junho de 2020
DIA DE LAVÍNIA >> Sandra Modesto
Em
2017, Lavínia esteve aqui em casa. Antes de vê - la percebi que era ela. Só de
ouvir os passos apressados de Lavínia. Uma menina. Tinha seis anos. Inventou um
nome: Lalá.
Ela não é minha neta, não é minha sobrinha,
uma prima envolvendo laços de ternura, por toda a parte.
Lavínia chegou e foi direto para rede que eu
tenho na área onde tem uma máquina de lavar roupas. Um cachorro no quintal, e
tudo o mais. Quimeras de uma casa.
Fui brincar com Lavínia. Balançamos na rede e
registramos nossos momentos em fotos digitais.
Ofereci frutas.
- Quer maça?
- Depois eu quero. Só um pedaço.
- Quer bolachas?
Ela abriu um sorrisão. Abri o armário e
peguei um pacote de bolachas de chocolate. Fechado. Entreguei pra ela.
Eu tinha um compromisso. Fui ao meu quarto
pegar a bolsa.
Lavínia me acompanhou. Observava meus
detalhes quando eu procurava um batom e não sabia em qual bolsa. Achei. Peguei
uma maquiagem e não consegui abrir a embalagem. (Sempre apanho disso).
- Ah, não, eu nunca consigo abrir esse “trem”,
- Deixa eu ver.( Ela disse e pegou das minhas
mãos.)
Virou as costas e saiu do quarto. Foi até o
corredor próximo ao mesmo. Voltou rapidinho. Questão de segundos.
- Aqui. Abri.
Eu
fiquei admirada com a facilidade e agilidade de Lavínia.
Prossegui
pegando minhas coisas, parecendo uma máquina elétrica ou a vapor. Não sei. Lavínia
me olhou e disse: Eu quero ser a Sandra.
“Oh, Lavínia, tenho a certeza que eu sim,
queria ser você.”
Lalá
fez nove anos. Dia 2 de junho de 2020. É uma menina espichada cheia de cachos
nos cabelos.
quarta-feira, 17 de junho de 2020
Alguma coisa aconteceu no meu coração >> Sandra Modesto
domingo, 14 de junho de 2020
João e Maria >>> Sandra Modesto
João
e Maria
Maria
acorda e encara o espelho desses comprados no camelô.
Sobre
a mesa apertada nos dois cômodos da casa, alguns pães amanhecidos.
Prepara o café. Engole o caos da luta.
João
mora do outro lado da rua em meio à desigualdade social esquecida.
Maria
e João possuem uma força bruta.
Vão ao mercado do outro lado da cidade. Com
máscaras pretas rezam para não serem confundidos.
No
Brasil, preto tem cara de bandido. João e Maria sempre deram um jeito no verbo
suportar...
Suportar
o sol, a chuva, atropelos, dissabores. Os boletos chegando. O trabalho informal
pedindo socorro.
Maria e João em seus barracos.
O pai de João está tossindo. Os dois trocam
olhares preocupados.
No barraco de Maria, o filho pequeno pede colo,
o do meio desenha no papel, a menina de onze anos fala baixinho:
_ Mãe, se eu tivesse um computador com
internet...
Estudar pelo celular... Tá difícil, mãe.
_ É filha, por enquanto o computador não dá pra
comprar.
_ Vamos comer pão com ovos e tomates? Pra
espantar as tristezas. Quer?
_ Quero!
Antes de dormir, olham o desenho no papel. Seis
mãos entrelaçadas
Mãe e filhos se alimentam de sonhos pequenos.
E assim termina o dia. Começa o dia.
Nem
preciso contar mais.
Tudo está por um triz.
Ainda ontem morreu um menino negro.
Link:
http://www.cronicadodia.com.br/2020/06/joao-e-maria-sandra-modesto.html
sexta-feira, 12 de junho de 2020
Um poema meu
quarta-feira, 10 de junho de 2020
Linda agora dorme >> Sandra Modesto
Acordou.
Olhou – Se. Marcas.
Recordou
quando decidiam por ela
A
dor oculta
Mas
era linda. Ninguém percebeu
Pegou
o primeiro vinil em meio a tantos outros. Na vitrola a voz de um homem.
Caetano
cantava: LINDA.
Linda
se redescobriu em plena pandemia.
Sentiu
- se estrela.
Liga
o som numa plataforma
Canta
no karaokê
Não
é hora de sofrer
Sorri.
“merda”! Eu sou linda.
Mas...
*trecho da minha crônica de hoje no Jornal de Caruaru*l
Leia mais :
https://jornaldecaruaru.com.br/2020/06/cronica-do-dia-linda-agora-dorme-por-sandra-modesto/
segunda-feira, 8 de junho de 2020
domingo, 7 de junho de 2020
Vende - se sonhos>> Sandra Modesto
sábado, 6 de junho de 2020
A dor da gente
quarta-feira, 3 de junho de 2020
Biblioteca virtual do Elicer Minas
https://elicer.com.br/_escritores/sonhos-e-perdas-e-outros-contos/
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Uma poesia minha pra recomeçar! No mesmo sol No mesmo sol da manhã surgia a dor quente. No mesmo sol que a dor esquentava o dia cor...
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Crônica de hoje. No meu no seu nos nossos... #Petiscosdedomingo Pai, cadê você? Hoje eu não vou te dar um beijo. Nem um abraço...
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Minha crônica de hoje. Link abaixo: http://www.cronicadodia.com.br/2020/09/arrasta-me-sandra-modesto.html