terça-feira, 4 de abril de 2017

O texto abaixo é proibido para leitores mirins.




IMAGINANDO O PROFANO
DEU VONTADE

Ela sonhou que estava em um puteiro. Putaria? Bordel? Zona? Casa das "primas"?
No sonho era tudo muito engraçado. Era uma casa muita diferente. Não tinha sexo, não tinha nada, apenas presságios. Ela sentia. Medo? Pavor? Horror? Amor ou tesão?

O coração dela palpitava. Batia diferente. E ela... Sentia-se uma demente.
Que delícia ser insana. Ela insinuava. Sim, ela insinuava pra si mesma...
- Então, na putaria é assim? Ninguém invade? Ninguém ofende? Ninguém se despe?
Ninguém pula em cima da gente? Ah, pensei que ser puta fosse mais emocionante!
Ela tinha a pele crocante e os cabelos bem curtos. Muita bunda, pouco peito, ah, mas, empinados, os dois...
Para desmitificar as cenas do sonho, ela sentiu: Precisava valorizar o mito de um.
Puteiro...
- Há! Quero tudo do jeitinho que ouvi quando menina, do jeitinho que imaginava na adolescência, do jeitinho que todos espalhavam a respeito de uma putaria.
A louca não gostava de pirataria, gostava de originalidade...
- Vem, gente! Onde estão os que gostam de sexo grupal? Variedade? Desejo carnal?
Gritarias?
Profana. Desmistificando o que ela sempre pensou que fosse, Rosana não queria mais ser santa. Desejos profanos invadiram seu sonho.
Por alguns instantes, Rosana pedia pra sentir-se puta, e no fundo do coração, pedia muito que o homem que amava tanto a salvasse. 

Havia homens estranhos; Jovens, maduros, negros, brancos, umas mulheres amáveis, um armário cheio de roupas, um móvel recheado com sapatos....
Que insensata! Rosana começou a sentir um enorme desejo de que o sonho terminasse. Até que surgira no meio de tantas personagens, uma amiga do passado. Rosana se prendeu aos braços da amiga, um abraço diferente. O sonho começou a deixar Rosana mais calma. As duas, num gesto e em um toque sensorial, físico e gostoso realmente, sorriram aos olhos do ataque do carinho de seus braços.

- Você também está aqui.
- Você também está aqui.
Rosana acordou. Despertou para a realidade. Deu um pulo no seu homem, sentiu-se bem profana, foi fazer amor, foi ser puta de verdade.
Sandra Modesto
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