domingo, 26 de junho de 2022

A PROSA E O POEMA >> Sandra Modesto

 

O que é prosa? O caderno caiu no chão da cozinha. Ela teve preguiça diante da cena por tanto amor. Que agora, esfria e acende. Rima e se faz num sábado.

Pegou o ônibus no espaço de sempre.

Acenou pra o motorista. Há trinta anos o percurso contínuo, olhos e ouvidos atentos às conversas. Renderiam crônicas. Encontros. 

Queria uma prosa boa, uma história quente, não sabia na verdade, se queria uma trepada ou sexo com amor. Ah, naqueles tempos em que nada impedia uma paixão que fervia por todos os poros, no carro, no canto do amanhecer, a gente tinha, 20, 30 anos. Aos sessenta anos... Bem, depois disso, no colchão macio é uma boa pedida.

Prosa é a conversa de todos os dias. É o abraço no cotidiano. Um livro de crônicas requer um olhar apurado, ao mesmo tempo, é um gênero merecedor de prêmios. Por isso, eu adquiri vários títulos clássicos e contemporâneos escritos por mulheres.

O cantor Gilberto Gil disse um dia desses: “É preciso acabar com essa história de achar que a cultura é uma coisa extraordinária. Cultura é ordinária!”.

Escrevendo este texto ouvindo Drão perguntei:

“Cadê aquele seu poema?” (Sim, foi uma mensagem no Watsapp.).

Qual poema? Tem mais de um? Tenho.

Onde estão?

Não sei.

Eu me lembro de uma pasta que eu fiz no computador, pra ele. Procurei.

 “Entre minhas mãos tu escapas como se não existisse amor
Sob a retina de meus olhos vejo-te dobrar a esquina
Não sei se voltarás de um deserto ou de um oceano.
Se ainda frágil ou mais madura.
Ao som dos meus quase risos quase lágrimas
Ouço teus passos todas às vezes mais silenciosos
Não sei se te ouvirei, meio a melodia dos teus beijos
tua boca a dizer "Te amo".
Amar é assim um desassossego”.

Lahus

Pra quem ele escreveu, eu não sei. Mas é foda!

 

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