Rosa estava fugindo de notícias ruins. Acordou meio desanimada. E num cansaço estranho voltou a dormir. Sonhou... Uma notícia boa num jornal.
Arrumou
um tempinho e se espalhou.
Preferiu
as rosas. Elas não falam, mas há o desmedido amor manso dos girassóis. Rosa não
preteriu – se.
Gritou.
Havia silenciado por tantas vezes.
Quis
inventar. Qualquer linha, qualquer embaraço alguns escritos. Lá fora, o mundo
grita por mim? O despertar ofegante e o texto surgiram sem fuga.
Os
minutos estão fragmentados. Pessoas morando nas ruas. Crianças trabalhando, governo
sem planos de vacinação infantil. O que
é isso Brasil!
Difícil
escrever senta na poltrona, desiste. Insiste. Esquece o teclado. Usa bloquinhos
de papel.
Na
imaginação fértil de um útero poético, Rosa imagina- se uma fotógrafa
registrando as ruas por onde passa. As luas. O raio tão forte e o namoro de duas
mulheres em praça pública. Cenas de
cinema. Porque na vida real, há tabus. Rosa adormece.
Ao
acordar enfrenta o noticiário. “Um nó no peito em dó maior” (Verso do texto, “A
dor da gente” escrito por mim).
Rosa
faz xixi e corre do espelho. É ele que
escancara quando a moça que passa o café, vê no reflexo de dentro, uma vontade
imensa de mudar a história. Um livro marcado na penúltima página. Escrito em
letras garrafais, um espetáculo permeado por liberdades. Num sábado cretino, uma solidão que avança o
tempo. Um caderno, uma prateleira empoeirada, uma alergia pequena.
Apenas
a certeza seria a hora da morte do ultimo ato ou capítulo, ou algo capaz de
atormentar o leitor, o espectador, o paraíso proibido ficaria explícito numa
vulgar edição.
Nada é inédito. Restam apenas os dentes passados no fio dental. Uma câmera imaginária atravessa uma possível filosofia de botequim. Rosa sabia das dores de uma mulher. Escreveu e contou tudo antes do morrer dos dias. Tudo é brisa. É merda. Aplausos ou nada.
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