Ao acordar, depois da noite vadia, que invadiu meu sono, Senti um cheiro preso de um passado recente.
Era um perfume agridoce misturado às coisas do meu entrelaçar nesses dezesseis
meses na vida nova. Imprevista.
Correndo dores. Choros
sem despedidas. Álbum e esconderijo. Tenho lágrimas diárias diante de um país
com feminicídios, gente passando fome, mulheres e crianças negras morrendo
todos os dias.
É a coisa não tá preta.
Porque se a coisa estivesse preta, a coisa estaria boa.
Pego um caderno. Minha memória dá um branco. Momentaneamente.
Nesse espaço entre
manhãs e noites, o país pelo avesso. Entendo que, a Arte resiste. E nos Salva.
De
maio a julho, na imensidão das leituras: O avesso da pele (Jeferson Tenório).
Ao pó (Morgana Kretzmann). Os tais caquinhos (Natércia Pontes). Suíte Tóquio
(Giovana Madalosso). Copo vazio (Natalia
Timerman) Risque esta palavra (Ana Maria Marques). Um buraco com meu nome
(Jarid Arraes), Doramar ou a Odisseia (Itamar Vieira Júnior), Pequena
coreografia do adeus (Aline Bei). Água de barrela (Eliane Alves Cruz). Apague a
luz se for chorar (Fabiane Guimarães) A palavra que resta (Stenio Gardel),
Homens pretos (não) choram (Stefano Volp).
Assisti duas séries que me fizeram refletir: MANHÃS
DE SETEMBRO- com a Liniker. COLÔNIA - Baseada no livro de Daniela Arbex:
Holocausto brasileiro.
Recolho
meus instantes e desligo o celular. Nessa madrugada de quinta- feira meio densa
meio aflita.
* Esta crônica foi publicada hoje, no site cronicadodia.combr
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