sábado, 27 de março de 2021

PONTO DE PARTIDA >> Sandra Modesto

 No ponto do ônibus em que Carolina esperava sempre pra ir pra casa, depois de um longo dia de trabalho, aglomerados sonhos densos e mesmo assim, no corre da vida, ela estava ali doída de saudades diárias.

 

Igual a tanta gente, tantos caminhos, tantos desejos a percorrer nessa busca rebuscando os traços de tantas feridas.

O que Carolina podia? Chegar e receber os carinhos do filho miúdo e do marido que tinha feito o jantar.

 

Quereres despido das emoções presas.

Marcos, o marido, o via a hora de Carolina chegar.

 

Quando ela apontava na esquina abaixo, ele sentia o cheiro de jasmim.

A pressa daquela noite estava diferente. O outono estava com temperaturas de verão. Carolina, quase chegando.

passavam das onze horas, Marcoso sentiu o cheiro de Carolina.

 Algm bate à porta. Marcos coloca a comida pra esquentar às pressas.

Abre o coração pra receber Carolina.  Mas, ela o veio.

Era algm, Marcos não conhecia. Apenas ouviu algumas palavras que jamais esquecera;

_ Senhor Marcos Santos? Só falta um corpo pra ser reconhecido. Queira me acompanhar.

Tudo rodopiou ao derredor.

O amanhecer no IML. Os cheiros de mortes no ar.

Um menino de quatro anos acordou estabanado pela casa perguntando pela mãe.

A partida tem sempre um ponto.

 

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