terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

O dia de ver minha mãe

 Na tarde de ontem eu dormi um pouco. E sonhei…


Minha mãe já morreu, mas meu sonho foi assim.


Ela estava na cadeira de fio na varanda da casa em que moramos por muitos anos.


Eu a olhei. Olhares cruzados. Voz cansada.


Sem entender que o mundo dentro da gente virou do avesso.


Perguntou se eu queria colo. Café, chá de canela, afago.


_ Não, mãe.


_ Isso é escolha?


_ É grupo de risco, mãe.


Cuidados não faltaram, carinhos. Nada. Nada adiantou.


Apenas poderosos com punhos cerrados clamando mortes. Lucro, lucro. E lutos.


_ Entendeu mãe? O moço disse que velhos vão morrer mesmo.


Minha mãe começou o estranho caminho à morte.


O caixão. Sem velório.


Eu acordei depois de um pulo da cama.


O lençol, o travesseiro, o espelho.


Mundo, vasto mundo. Mães morrendo. Seria a solução?


“Porque eu ainda estou por aqui”.·.



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