Na tarde de ontem eu dormi um pouco. E sonhei…
Minha mãe já morreu, mas meu sonho foi assim.
Ela estava na cadeira de fio na varanda da casa em que moramos por muitos anos.
Eu a olhei. Olhares cruzados. Voz cansada.
Sem entender que o mundo dentro da gente virou do avesso.
Perguntou se eu queria colo. Café, chá de canela, afago.
_ Não, mãe.
_ Isso é escolha?
_ É grupo de risco, mãe.
Cuidados não faltaram, carinhos. Nada. Nada adiantou.
Apenas poderosos com punhos cerrados clamando mortes. Lucro, lucro. E lutos.
_ Entendeu mãe? O moço disse que velhos vão morrer mesmo.
Minha mãe começou o estranho caminho à morte.
O caixão. Sem velório.
Eu acordei depois de um pulo da cama.
O lençol, o travesseiro, o espelho.
Mundo, vasto mundo. Mães morrendo. Seria a solução?
“Porque eu ainda estou por aqui”.·.
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