domingo, 3 de janeiro de 2021

Eu, meus dias e alguns fragmentos










Meu vizinho lindo de sete anos me contando sobre o porquinho que ele ganhou. Disse que o porquinho chora, relatou tudo sobre o porquinho enquanto eu estava colocando o lixo lá fora.

Durante essa quarentena minha rotina é procurar histórias vividas e vívidas do que eu vejo enquanto abro o portão pra colocar o lixo na lixeira da calçada.

Talvez eu tenha me tornado a senhora com a preocupação de não acumular o lixo. Separar o lixo, recolher cada parte do lixo, provar da vida o gostinho de ouvir as histórias do Deivid. O menino que corre pela calçada ás vezes numa bicicleta, ás vezes com dois carrinhos sorrindo pra mim e me contando alegrias. Tudo tão simples. Um menino preto, de sete anos que tem uma irmã e brinca com a irmã pela calçada. 

Pela casa de Deivid ao lado da minha, eu invento minha cerca de afetos. Ainda hoje procurei o Deivid pra saber as novidades da semana. Aproveitei um pouquinho do sol. 

Vou levando o caminhar diante desses dez meses nessa pandemia interminável.

Amanhã coloco o lixo lá fora. Três vezes por semana eu respiro vendo e ouvindo as novidades de um menino que não sabe nada do país atual. E essa senhora que se preocupa com o lixo esquece por alguns momentos, o peso dos quase sessenta anos.

Sandra Modesto

 #petiscosdedomingo

#cronicadedomingo #cronica

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