A resenha de hoje é uma crônica que acabei de escrever.
Apesar de ser sexta-feira santa:
Deu
vontade
Ela sonhou que estava em um puteiro. Putaria? Bordel?
Zona? Casa das "prima"?
No sonho era tudo muito engraçado. Era uma casa muita
diferente. Não tinha sexo, não tinha nada, apenas presságios. Ela sentia. Medo?
Pavor? Horror? Amor ou tesão?
O coração dela palpitava. Batia diferente. E ela...
Sentia-se uma demente.
Que delícia ser insana. Ela insinuava. Sim, ela
insinuava pra si mesma...
- Então, na putaria é assim? Ninguém invade? Ninguém
ofende? Ninguém se despe? Ninguém pula em cima da gente? Ah, pensei que ser
puta fosse mais emocionante!
Ela tinha a pele crocante e os cabelos bem curtos.
Muita bunda, pouco peito, ah, mas, empinados, os dois...
Para desmitificar as cenas do sonho, ela sentiu:
Precisava valorizar o mito de um puteiro...
- Há há! Quero tudo do jeitinho que ouvi quando
menina, do jeitinho que imaginava na adolescência, do jeitinho que todos
espalhavam a respeito de uma putaria.
A louca não gostava de pirataria, gostava de
originalidade...
- Vem, gente! Onde estão os que gostam de sexo grupal?
Variedade? Desejo carnal? Gritarias?
Profana. Desmistificando o que ela sempre pensou que
fosse, Rosana não queria mais ser santa. Desejos profanos invadiram seu sonho.
Por alguns instantes, Rosana pedia pra sentir-se puta,
e no fundo do coração, pedia muito que o homem que amava tanto a salvasse.
Havia homens estranhos; Jovens, maduros, negros,
brancos, umas mulheres amáveis, um armário cheio de roupas, um móvel recheado
com sapatos....
Que insensata! Rosana começou a sentir um enorme
desejo de que o sonho terminasse. Até que surgira no meio de tantas
personagens, uma amiga do passado. Rosana se prendeu aos braços da amiga, um
abraço diferente. O sonho começou a deixar Rosana mais calma. As duas, num
gesto e em um toque sensorial, físico e gostoso realmente, sorriram aos olhos
do ataque do carinho de seus braços.
- Você também está aqui.
- Você também está aqui.
Rosana acordou. Despertou para a realidade. Deu um
pulo no seu homem, sentiu-se bem profana, foi fazer amor, foi ser puta de
verdade.
Sandra
Modesto.
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