Acordei
mergulhada em lembranças da casa onde vivi.
Resolvo visitar a antiga morada. Por muito tempo eu fui menina, em pouco
tempo eu cresci. Por longos instantes densos, frívolos e fortes, permaneci
intacta. Tanto tempo que eu nem sei encantar. Entrei aos treze e deixei aos
trinta. Minha casa feita de sonhos, de esconderijos. Silêncios e vazios
ocultos. Quais são os espaços estranhos e nem assim, em vão, fizeram meu
coração dilacerar e correr para casa da avenida vinte e sete?
Em busca dos restos eu caminhei por algumas
horas, vagarosa com jeito entre a curva do meu corpo sem juventude. Esperei
avistar uma moradia antiga. Mas houve desesperança. Sabe minha casa? Não tem
mais cores fortes na entrada, nem rede, aumentaram a construção. Quando
observei um cômodo pequeno onde meu pai recebia as pessoas velhas necessitadas
em busca do caminho da aposentadoria, onde a gente colocava uma garrafa de
café, biscoitos fritos e pão de queijo quentinho...
Ah,
o velho aconchego virou um escritório Estranho, sem vida, portas fechadas e sem
harmonia.
Uma
chuva ameaçou meu passeio ao passado. Veio-me à memória aquela menina medrosa,
minha mãe dizendo que se o sol se fecha, os respingos choram na terra. Por isso
que eu sempre gostei de luz natural. Eu sou solar. Rasgada de amor por
histórias do amanhecer. Se a noite chega eu me fecho e a insônia ameaça. Mas
adormeço em presságios e aponto uma sutil alegria ao acordar.
Entendo
que a casa do passado está apenas nos meus álbuns de fotos antigas.
Abracei
minha vida do agora. Numa cidade onde passa um rio, um povo esperançado, sem muitas
oportunidades, ás vezes escorregando lá, de repente, sorrindo ali.
Aqui
eu quero morrer.
Mas
sem neblinas.
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