domingo, 24 de outubro de 2021

ELE ESTÁ CHEGANDO>> Sandra Modesto


 










Faltam dois meses. Apenas dois meses para o tradicional, nem sempre amado, arroz com passas.

A farofa, o peru, o feijão tropeiro, mas eis que colocam à mesa, o arroz.

Retiro as passas uma por uma as escondida. A discussão é: Arroz, com ou sem passas?

Feijão tropeiro ou tutu de feijão? Tutu é mais mineiro, gostoso, mas exige talento culinário.

Epa! Eu não sei fazer. Minha tia sabe. Aquela tia que domina essa arte. Cozinhar é uma arte. Essa arte eu admiro.

Daí vem o peru. Deixa-o pra lá. O povo, esse povo invisível, está passando fome. O melhor presente para as pessoas famintas é uma boa cesta básica. Porque precisamos entender a fome do outro. E ajudar. Com ou sem passas. Com carne. Porque a fila do osso está aumentando.

Em algumas regiões do país, relemos Manuel Bandeira. Poeta pernambucano, ele retratou a miséria brasileira em 1946. “O bicho” voltou.

“Vi ontem um bicho

Na imundície do pátio

Catando comida entre os detritos

 

Quando encontrava alguma coisa

Não examinava nem cheirava

Engolia com voracidade

 

O bicho não era um cão

Não era um gato

Não era um rato

 

O bicho, meu Deus.

 

“Era um homem.”

 

Façamos da nossa ceia de natal, uma noite possível. Afinal, o almoço do dia 25, serão as sobras do que restou, a gente esquenta e come. E haja remédios caseiros ou industriais para melhorar a dor de cabeça do porre.

Bom domingo pra vocês. Eu volto depois do natal. Beijão! Usem máscara, vacinem, cuidem- se. E cuidem dos seus.

 

 


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