Faltam
dois meses. Apenas dois meses para o tradicional, nem sempre amado, arroz com
passas.
A
farofa, o peru, o feijão tropeiro, mas eis que colocam à mesa, o arroz.
Retiro
as passas uma por uma as escondida. A discussão é: Arroz, com ou sem passas?
Feijão
tropeiro ou tutu de feijão? Tutu é mais mineiro, gostoso, mas exige talento
culinário.
Epa!
Eu não sei fazer. Minha tia sabe. Aquela tia que domina essa arte. Cozinhar é
uma arte. Essa arte eu admiro.
Daí
vem o peru. Deixa-o pra lá. O povo, esse povo invisível, está passando fome. O
melhor presente para as pessoas famintas é uma boa cesta básica. Porque
precisamos entender a fome do outro. E ajudar. Com ou sem passas. Com carne.
Porque a fila do osso está aumentando.
Em
algumas regiões do país, relemos Manuel Bandeira. Poeta pernambucano, ele
retratou a miséria brasileira em 1946. “O bicho” voltou.
“Vi ontem um bicho
Na imundície do
pátio
Catando comida
entre os detritos
Quando encontrava
alguma coisa
Não examinava nem
cheirava
Engolia com
voracidade
O bicho não era um
cão
Não era um gato
Não era um rato
O bicho, meu Deus.
“Era um homem.”
Façamos da nossa
ceia de natal, uma noite possível. Afinal, o almoço do dia 25, serão as sobras
do que restou, a gente esquenta e come. E haja remédios caseiros ou industriais
para melhorar a dor de cabeça do porre.
Bom domingo pra
vocês. Eu volto depois do natal. Beijão! Usem máscara, vacinem, cuidem- se. E
cuidem dos seus.
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