É
uma conversa com o Gabriel.
_ Eu sou preta, né?
_ Você? Não, por favor,
não faça isso comigo. Coloca seu braço perto do meu. Qual a cor dele?
Eu olhei, olhei,
observei a não semelhança e o bate – papo rolou.
_ Mas meu pai, meus avós
eram pretos.
“Frase típica de quem
não tinha o que dizer”. Seria melhor eu ter ficado calada. Caramba!
_ Mãe, eu sou preto.
Você é uma miscigenada, apenas. Seu tom de pele é muito claro, seus cabelos não
são afros, o que significa que se você continuar com essa ideia, será
estupidez.
“Mas quando eu tomo
muito sol”...
_ Sei. Você fica
bronzeada. Preta não, mãe. Preta nasce preta. Sofre racismo, luta para um lugar
ao sol. No mundo dos brancos privilegiados. Para com isso, mãe. Eu te admiro
tanto.
Meu filho foi lanchar
na cozinha. Eu também. Olhei nos olhos dele. Pedi desculpas pela minha
insensatez. Só não contei que sabia que eu não era preta. Mas sou, serei a mãe
antirracista para sempre.
“A conversa já faz muito
tempo, mas é uma crônica real, nesse Brasil PANDEMÔNIO”.
Sandra Modesto
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