Rosa em edição
Rosa estava fugindo de notícias ruins. Acordou meio desanimada. E num cansaço estranho voltou a dormir.
Sonhou...
Uma notícia boa num jornal...
Arrumou um tempinho e se espalhou.
Preferiu as rosas. Os jardins, girassóis, não
preteriu – se.
Gritou. Havia silenciado por tantas vezes.
Uma mulher entrou no sonho e pediu: Escreva...
“Não tenho medo de ser feliz”
Rosa pulou da cama ofegante e o texto não era o do
sonho.
Reescreveu assim...
Preciso
ficar em casa por causa de um vírus. Há perigo na esquina.
Os minutos estão fragmentados. Gente morando nas
ruas. Que pena Brasil!
Pessoas morrem de fome. Rosa pensa no pão amanhecido
do povo esquecido.
Engole os rumos da vida. Parece que tem chiclete
grudado na garganta. Vomita. Precisa escrever, senta na poltrona, desiste.
Insiste. Esquece o teclado. Usa bloquinhos de papel.
Na imaginação fértil de um útero poético,
Rosa imagina- se uma fotógrafa registrando as ruas
por onde passa. As luas. O brilho do sol enamorando a luta. Namorando o dia.
Anoitece. Ela adormece.
Ao acordar enfrenta o noticiário.
O mundo ainda está pelo avesso.
(Minha crônica publicada no Jornal de Caruaru)
https://jornaldecaruaru.com.br/2020/03/cronica-do-dia-rosa-em-edicao-por-sandra-modesto/
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