domingo, 25 de junho de 2017

Uma crônica cheirando vidas.

Crônica.


Crônica.
O MESMO ESPAÇO

Estava querendo muito caminhar pela cidade. Ontem, fim de tarde, realizei meu desejo. Peguei um material lindo. Eu imprimi e encadernei. São algumas páginas com temas sobre literatura, cinema, feminismo, racismo, lutas sociais, artes visuais... Evidente que para imprimir, pedi autorização á editora.
Há textos meus em duas edições.
Caminhando pude perceber o quão maravilhoso é o olhar. Não estou falando de poder enxergar. É o sentir mesmo, sabe?
Demorei quarenta minutos e cheguei a uma rua central, com trânsito movimentado, pessoas que não estavam curtinho feriado prolongado, pra lá e pra cá.
Deixei os exemplares na Biblioteca de Rua da avenida dezessete. Três moradores de bairros afastados aguardavam ônibus, foram presenteados com as revistas. Sorriram, ficaram surpresos, agradeceram...
Sentei para esperar meu ônibus. Dois senhores negros também aguardavam. Eu segurava meu celular quando um deles disse:
- Que danado de celular "bunito" é esse?
- Obrigada.
 “O elogio foi por causa da capinha do meu celular que tem uma película brilhosa e com uma paisagem. Por acaso, eu usava uma blusa com desenhos parecidos ao da capinha, que eu comprei por trinta e cinco reais. Aliás, a blusa também foi o mesmo preço. Aliás, as capas dos exemplares das revistas, possuem desenhos quase idênticos. Ah, eu usava uma saia com tonalidade rosa".
- Quanto está a passagem de ônibus? Eu quis saber.
- Não anda de ônibus não? Perguntou o segundo senhor.
- Ando. É que eu nunca sei ao certo. Vai que é outro preço, né?
Ele deu uma risadinha e respondeu educadamente.
Peguei o dinheiro na bolsa porque não gosto de fazer motorista ou cobrador esperar.
Meu ônibus chegou. Entrei feliz e observando ruas, avenidas e imaginando histórias de vida das pessoas, que, naquele momento, dividiam comigo o mesmo espaço.
Sandra Modesto.
( As imagens foram autorizadas pelos moradores.)
Para conectar- se com a autora:
https://www.facebook.com/
sandraluciamodesto.modesto
@SandraLuciaMode
http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=160982

terça-feira, 6 de junho de 2017

Dia delas. As Crônicas.


Diálogo vencido
Eu:
- Gabriel!
- Fala mãe.
- A bicicleta da Jéssica, sua amiga, tem marchas, né?
- Tem.
- Você me ensina a andar?
- Oi? Mãe sabe quando a gente aprende a andar de bicicleta?
Completou:
- Quando a gente é criança, o pai, a mãe, a tia, o padrinho, leva pra praça, a gente cai, rala o joelho...
- Mas eu aprendo.
- Como? Você vai andar aonde?
- Aqui, na varanda, depois na calçada, depois na rua. Eu consigo.
- Sei, e o trânsito? Você toma remédios, tem epilepsia, marca passo, tem uma crise, e aí?
- É. Tá certo.
...................................................................................................................................................................

Epitáfio 2. A conversa
- Pai?
- Pai?
- Tudo bem. Eu conto.
- Eu estou digitando. No aplicativo.
É pai, ah, depois te explico.
Se você estivesse aqui, haveria uma festa, hein? Setenta e sete anos.
Mas, você foi embora. Com apenas cinquenta e sete. Nunca me esquecerei de sua habilidade em descascar laranjas. Dava-me bronca porque eu feria as laranjas. Caraca, você enchia uma lavadeira e as cascas saíam inteiras. E de uma cortada só. Dava gosto ver.
Pois é. Eu até hoje não domino essa arte. Na cozinha eu sou um desastre e você tinha razão.
Não aguento ser dona de casa. Lavar louça então. Coisas do coração.
Mas, tem uma galera que me ama, uns mimos, sabe?
Você entende.
Ih, minha caligrafia continua horrorosa.
Ainda bem que eu só tenho cadernos pra prevenir eventuais casos. Mas, ninguém entende minha letra. Nem eu. Heheh!
Olha, não esquenta, corretor é incorreto. Doido.
Lembra quando você me perguntava alguma palavra pra que eu respondesse o significado?
Ai, ai, com medo de errar, eu pegava meus livros de português, dicionário, um tempo corrido. Ainda bem que agora tem o Google.
Não, pai, não é gol. É uma pesquisa online.
Por falar em gol, nosso Vasco não está bom não.
Fica triste não. Nosso time não é o problema.
Se tem mais?
Muito. O país anda esquisito.
Não, pai, no meu nariz não entrou um mosquito.
Haha, lá vem você com esse humor imortal.
Por aqui, a gente ama internet.
Chiclete? Não, internet. Ah, esquece.
Penso que seu aniversário hoje, teria um bolo enorme.
Eu? Escreveria um haicai pra você.
Talvez / um livro/ novo/ pra te contar/ um dia/
A gente/ vai/ se encontrar.
Por enquanto, é assim. Eu incompleta. Não estou reclamando. Vou amando o que posso.
Vou vivendo. Meio agitada. Outras vezes cansada.
Agora, chega. A tela do meu celular está molhada.
Sandra Modesto.

Hoje tem haicai.


HAICAI

Então/ você/ me ama
Então/ a cama/ é nossa
Então/ estou disposta.
 (Haicai repentino)
Sandra Modesto.

Só mais um poema.

Sinopse:
Ao deparar-se com a foto de uma prima, a inspiração escorreu versos , poesia , prosa...

Poema para prima
É. Um dia a gente entende
Que as brincadeiras da infância
As risadas e os choros
Segredos e cumplicidade
São apenas uns dias
Nada mais.
Deparo- me com um retrato atual.
Tudo normal.
Um amor real que permeia verso
Marcando algumas estrofes.
Sônia igual
Eu igual.
Somos meninas no universo
Somos flores, espinhos, caminhos.
Dureza e carinho.
Sandra Modesto.

 
Sônia e Sandra.


Biblioteca virtual do Elicer Minas

https://elicer.com.br/_escritores/sonhos-e-perdas-e-outros-contos/